Palestrinhas, lacradores e pseudo entendedores: Polêmicas miúdas

O texto de hoje vai ser um resumo do grande descaso que há na nossa vida cotidiana de internet. Descaso em que sentido? No sentido de termos um sem número de informações e postagens que atentam à nossa inteligência em doses homeopáticas até por fim causar tamanho dano que você se torne amargo o suficiente para afastar de você o resto de amigos e conhecidos que meramente tolerava pela visão periférica que possuem de todas as vertentes que regem a vida humana.

Tivemos um bom começo de ano pautado em grandes irracionalidades escancaradas como bem feitorias, aplaudidas à ponto de fazer as mãos arderem como se tivessem encostado em um ferro quente.
Devo dizer a todos: passa ano e sai ano e a porcaria do politicamente correto, de fato, tornou-se não são chato, como também, burro. E olha, o politicamente correto não permite que a gente use essa palavra, mas infelizmente, não vejo melhor termo para nossos tempos.

O simples fato de você achar decente a condenação de um ex-presidente trouxe à tona o julgamento e acusação de uma noção política ideológica que certamente a maioria que recebe esse rótulo nunca teve: ser direitista. Conhecer minimamente de processos agora também é o mesmo que nada. O achismo ganhou novamente. O que teve de pessoa letrada que disse que o processo era uma fraude... Quase dava um gibi. 
Desde o Impeachment da Dilma, brasileiro cospe palavras como "golpe", "democracia" como se tivessem engolido uma mosca e precisasse se desfazer dela antes de ser engolida. Achando que sabem explicar com propriedade quaisquer dessas situações, agora a moda é "atentado ao Estado de Direito". Ouse perguntar ao "palestrinha" do que se trata isso e prepare a pipoca. Você terá mais comédia vindo daí do que o canal Comedy Central.

Aceitando primorosamente que ninguém deve saber de tudo, a pergunta que fica é: porque não ficar calado e transparecer inteligência, e abrir a boca e confirmar a falta dela?
Porque agora vivemos no estado de direito! Direito a dizer tudo que pensa, mas ai de você se dizer algo que vai contra o que eu penso. Ui, que medo.
Cultuar gente medíocre agora é mais peça chave no guarda-roupa. Mais que a calça jeans.

Situações "lacradoras" dos cultuados: Atrizes fazem discursos sobre assédio em seguimentos de emprego, especialmente em Hollywood. O homem agora é um verdadeiro lixo. Produtores, diretores, colegas de trabalho são trogloditas em potencial. Se não tem denúncias sobre eles, a mídia trata de caçar um podre do passado. Sim, pois nós nunca na vida, nunca nos exaltamos com alguém, nunca xingamos um familiar na hora da briga, e jamais agimos com raiva e ofensa a ponto de ferir alguém. Cabe à nós, santos, acusar os que já fizeram isso. E a "caça aos bruxos" está à solta. Ninguém se salva. Como diria o filósofo Bruce Dickinson: "Run to the hills..."

Uma atriz que ganha o Oscar por filme que fez com o Woody Allen, some. Juro que procurei, mas ela não declarou nada sobre a polêmica do diretor problemático.  Mas os atores e atrizes "lacradores" que trabalharam com ele se prestam (coagidos?) a falarem sobre o arrependimento de terem trabalhado com um homem tão vil e amoral. Alguns viram ícones do "bom senso" ao doarem cachê do último trabalho com o diretor... A vida privada do cara sobressai e define o caráter. Tudo que ele já fez profissionalmente (ainda que eu particularmente deteste) vira pó e é desacreditado. E como fica a atriz que ganhou Oscar a partir do trabalho que fez com a ideia de filme dele? Sem informação. Ai de nós pressionarmos ela na parede.
Eu sei e entendo que há ideologias e coisas em que acreditamos e quando nos deparamos com algo que abominamos e discordamos torna-se difícil de aceitar e de se submeter. Mas, quer dizer então que, o passado de uma pessoa agora deve ser levado em conta para me relacionar profissionalmente come ela? Então, me diga: ex detentos são caso perdido? Eu não posso aceitar que eles ou elas tenham um emprego na minha empresa porque cometeram um erro na vida e depois de pagarem por isso, devo deixar que morram de fome? Você ter fugido de casa, falado umas porcarias para sua família, indica que não pode voltar e pedir perdão pelo feito desonroso?
Ninguém então é passível de reformular-se, mudar e tentar ser gente de novo? É isso que parece estarem dizendo. Afinal, é 8 ou 80: se o cara assediou, ele não é indicado à Oscar. Mesmo que ele prove que ele não fez nada, ele vai ser eternamente um porco, pois a palavra da vítima é incontestável.

Vejam bem: Não digo que devemos passar a cabeça na mão de gente que de fato possa ter sido bruta, cruel. Mas isso não é peculiaridade de uma cor de pele, gênero, etnia, religião, ideologia política ou o que quer que seja. É muito difícil entender os dois lados, mas certamente, radicalizar, banir, segregar não é nem de longe o melhor caminho. Se a pessoa é um grande babaca, abusador, violento, tarado, porque precisou de um para contar, para milhares dizer eu também? Já viram o filme "As bruxas de Salem"? Uma faz uma acusação sob vingança, outras começam com as maluquices de possessão logo depois e vira uma bola de neve. 
As primeiras pessoas a falarem do tanto de seus "umbiguizentos" direitos e lutas são as primeiras a detonarem qualquer segmento que seja opressor de alguma forma, seja em ações ou meramente um olhar torto.
Percebam a contradição tamanha: Mulheres não querem ser oprimidas, mas oprimem quem se interessa por elas afetivamente - mesmo que não seja recíproco e passam a insistir, principalmente. 
Agem de má fé usando uma roupa transparente em eventos, e não aceitam serem julgadas por quem discorda da conduta adotada.
Mas não estão livres da hipocrisia idêntica aos detratores, pois, detonam os homens assediadores, mas se aparece um que rasteja por elas e é, bem apessoado, a coisa toma novas formas: será o marido que cuida dos filhos enquanto ela trabalha fora. Os direitos iguais não são só iguais, é uma troca na verdade: Se antes era subserviente, agora eu mando e piso em cima de salto alto, para fazer doer.
Tudo numa boa, colocar mulheres fortes e ícones para serem exemplos, mas inventá-las em contextos das quais elas não estavam ali para exaltação e culto, eu não vou aplaudir. Não mesmo. Gosto de gente autêntica, não massa de manobra. Sim, vou preferir Marie Curie de ícone feminino à Frida Kahlo, pelos feitos da primeira ser muito mais expressivos que o da segunda. Vou preferir J. K. Rowling à Stephenie Meyer, por ter feito uma sequência de livros ao menos, mais profundos e sim, cujo herói é do sexo masculino. Vou preferir Éowyn à Tauriel na sagas do Tolkien, pois a primeira existe na história subcriada e é guerreira e donzela ao mesmo tempo, do que uma elfa inventada pelos roteiristas do filme, além de ser absolutamente insossa não se encaixa na adaptação. Vamos falar de direitos? É o meu direito de pensar e escolher dessa forma. Não precisa se rasgarem por isso. Eu aqui no meu interior de Minas, não afetará as suas lutas pseudointelectuais. Podem acreditar. Eu até ofereço pão de queijo e café se vocês prometerem não me crucificar, nem me chamar de coxinha.

Tudo numa boa, mais ainda, se tiver filmes de casais gays, transgêneros em luta por serem reconhecidos como "normais". Eu só acho bizarro achar isso uma coisa super "da hora", pois, para mim, eles são normais, então, não vejo peculiaridade em tornar suas histórias tão especiais em um filme. Por isso, não vai ser meu filme favorito o casal gay que se relaciona num filme parado e arrastado como "Me Chame Pelo Seu Nome". Nem mesmo pois tem Armie Hammer que é mesmo um cara apaixonante e justifica a atração do tal menino interpretado por Thimotèe Charlamet. Casal gay que quebrou paradigmas aconteceu lá com o "O Segredo de Brokeback Mountain" se não antes (confesso que me falta conhecimento, então). Casal gay bonito, sofrido, sem ser erótico, já foi premiado e aclamado ano passado com o "Moonlight - A Luz do Luar". Um longa muito melhor, diga-se.  Talvez aprecie um filme dramático chileno com uma transgênero lutando pelo direito de acompanhar o enterro do ex namorado que tanto amou, mas que a família do mesmo acha a sua presença vergonhosa. Interpretação boa, história sofrida, momento de reflexão. Ótimo. Bola para frente, qual é o próximo filme?
"Ah, lacrou!" é comentário que para mim, já deu preguiça e nem quero ouvir o resto... 

Essa semana até o esporte adentrou no contexto do politicamente correto. Um dos casos foi que Tom Brady teve a filha (com a modelo Gisele Bündchen, e por isso o holofote da imprensa) criticada por um jornalista de Boston. Em um contexto não destacado pela mídia, o infeliz chamou a menina de pestinha ou algo correlato, o que fez o jogador se retirar da entrevista pela ofensa gratuita.
Sim, sem o contexto fica fácil julgar o cara: é feio falar isso de crianças inocentes que não podem sequer se defender. Além disso, jornalista é em suma profissional que vez ou outra é infeliz nas colocações. O politicamente correto manda também que não devemos fazer ofensas dessa natureza assim, por mais raiva que tenhamos do outro. Pode causar traumas, choros e revolta. Pode causar processos bem dados e demissões. Mães e pais são julgados quando gritam ofensas aos filhos que dirá um outro? Meu Deus!
Mas e se o cara foi pentelhado pela menina e ele, tem aversão à crianças? Pois isso existe. Tem gente que não suporta os filhotes humanos espoletas. Parecem que nunca foram uma. Parece meio heresia falar assim, mesmo que de fato, a criança seja uma "peste", que você receba em casa e quando ela vá embora, parece que passou um furacão no lugar.. Você é superior e deve se controlar, catar toda a bagunça e tentar não externar seu descontentamento com a criança nem com a família dela. É o típico: não importa. Engole aí boneco, que essas coisas não se falam, por mais que se queria.
Já viram que pais e mães viram bicho quando se faz algo com seus filhos? Então, foi assim que Brady agiu. Muita gente teria feito o mesmo.
 O jornalista achando no direito de ofender, fez e foi punido com demissão. Mas o mesmo direito que ele exerceu para fazer essa bobagem é o direito que inúmeros de nós exercemos (eu inclusive, com esse texto) de expor opiniões sobre qualquer coisa que nos afeta. Uma hora, dá "M" e as vezes é muita ou pouca, mas você é responsável pela caquinha espalhada e é aquele que tem que limpar sozinho. 

E então a Liberty Media, lança mão da retirada das Grid Girls da F1. Eu, uma mulher de 30 anos, que acompanha a F1 na metade destes anos, convictamente heterossexual, obrigada, não liga se tem moças segurando plaquinhas com números e nomes de pilotos. O importante, que eu saiba, é ter corridas, carros competindo - ainda que saibamos sempre quem vencerá - e se tiver competidores bonitos, não vou negar, vou admirar assim que eles estiverem sem capacete. Assim, como os caras também estão livres para olharem as grid girls e sonharem com elas em seus sofás e poltronas.
O "banimento das" grid girls tem consequências. Os pilotos, por acaso, não terão "teretetês" com as modelos que trabalham ali nesse ofício. E elas, não poderão ter acesso aos ricaços dos paddock, seja eles donos de equipes, dirigentes e funcionários. Também não poderão se exibir caso gostem de fazê-lo, não poderão ter mais chances fazer carreira de modelo deslanchar, nem poderão ter contatos profissionais com alguma empresa de publicidade, caso surgisse a oportunidade...
A questão colocada é que no século XXI esse tipo de "serviço" não é mais bem visto. É exposição feminina, do estético e nada mais. E as que lutaram pela igualdade dos gêneros e contribuíram para esse pensamento da Liberty, sequer fez com que pensassem também que, talvez, remotamente, lá no fundo, essas moças de fato GOSTAM de ser Grid Girls e queriam continuar sendo. A igualdade de luta de umas, sobrepôs a liberdade de escolha de outras. E isso, senhores, eu não concordo nem sob decreto. Eu acho que todo mundo deve enfiar uma coisa bem simples na cabeça: a plantação é opcional, mas a colheita é obrigatória - já diz bem meu cabeleireiro. No caso, essas mulheres plantaram, mas veio uma baita enchente e levou tudo que elas poderiam colher do "esforço" (seja ele de qual "semente" era).

Vamos apertar mãos, sorrir e brincar com a pessoa com mais amistosidade, mesmo que ele tenha dito que vai votar num ladrão nas próximas eleições ou que gosta de filme dublado. Se ele insistir em votar no doidão dos 9 dedos, ajude ele a compreender que não pode ficar mais tendo político pet. Se ele não quiser ajuda, mude de assunto: pergunta se ele acha vai chover porque você tem uma festa infantil para ir no fim de semana e não quer chegar lá encharcado. Quando o ladrão vencer as eleições e ele estiver na pindaíba de dinheiro, aí talvez você pode até "trollar" o coleguinha pela escolha mal feita e dizer: "eu aviseeei" e esperar que a ficha dele caia. Se não cair, dê de ombros. Sua parte fez. Explore seu lado bom e ative o esquecimento. Mude de assunto e pergunte se ele assistiu algum filme bom ultimamente que não seja estrelado pelo Adam Sandler. Não levar as coisas à ferro e fogo, ajuda na saúde, melhor que sal do Himalaia. Vai por mim.
Seja gay, transgênero, negro, mulher, evangélico, muçulmano, judeu, católico, umbandista, cigano, deficiente físico, psíquico, asiático, alemão, latino, petista ou tucano, vegano ou carnívoro, ou nada disso, não muda para mim - é um ser humano e se puder, deve agir como tal pelo menos na maior parte do tempo do seu dia. Tradução: ser moralmente decente e não expor seus "achismos" porque "leu na internet". Leia um livro, que tal? Se for um "asshole" até quando dorme, aí complica. A premissa que acredito é: desde que as suas e as minhas imperfeições de caráter não sobressaiam e não nos definam, está absolutamente ótimo. Chega de tempestade em copo d'água. Chega de "mimimi", de contradição e hipocrisia. A gente se desgasta por tanta mesquinharia que não sobra tempo com o que é mesmo útil para o nosso bem...
Que tal pensarmos nisso? Acho que vale a pena.

Abraços afáveis!

PS: Fim de semana tem Super Bowl LII. Torço para que o Eagles vença, mas querer não é poder - vamos preparar o refrigerante porque tem mais uma vitória do Patriots à vista que carece (e muito) de ajuda para engolir. Bom jogo à quem for acompanhar - mesmo que seja para ver o Justin Timberlake no halftime - e nos falamos semana que vem. Fiquem bem!

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