Décima Segunda Etapa F1 2017: GP da Bélgica

Deixando de lado, toda aquela dramaticidade digna de Shakespeare, apaguei agora a pouco o parágrafo que escrevi para falar do GP da Bélgica, no afã de esperar a corrida acontecer e poder, de forma mais enfática, usá-lo no texto que virá depois da sua conclusão. 

Depois de nutrir uma sutil esperança de pole position de Kimi Räikkönen, dada a quebra de recorde de pista nos treinos livres do finlandês, com o tempo de 1min43s916, cheguei à desilusão de novo. Pelos Q1 e Q2, Kimi ficou à espreita, até - como parece ele mesmo ter admitido - "ferrar com tudo". 
Não acusou falta de aquecimento nos pneus, rompantes de tontura, quebra de câmbio, mal funcionamento dos freios, falta de equilíbrio no carro ou coleguinha "atrapalhador" de voltas. 
É nessas horas que a gente respira aliviada. O cara pelo menos é íntegro ao chamar a responsabilidade para si. 
Cada um torce para o piloto que merece. 


Largando em quarto, lembro que lá em 2008 (data que marca ainda a minha constante esperança pela quinta vitória de Räikkönen em Spa - pista que mais gosto de toda temporada), foi possível ainda lutar pela vitória.
Pena que o resto da esperança seja ofuscada por falsos momentos de emoção para fins exclusivos de quem, não solta lágrimas sinceras, muito menos suor de esforço. Hamilton veio com o primeiro lugar em todo os qualifyings. Vai largar na ponta. Chorou (falsamente) ao descobrir que bateu o recorde de poles em Spa de Michael Schumacher. 
Recordes são feitos para serem quebrados. Mas quebrados da forma como Hamilton tem feito além de ser previsível, não dá brilho, pois não foi sofrido. Teria sido, se fosse, um Räikkönen da vida, que faz tempos que não tem sobre si, holofotes por suas conquistas. 
Mas não, não teríamos olhos marejados. Teríamos um cara com a voz de Pato Donald falando que o importante é vencer a corrida e adquirir o máximo de pontos para equipe. Quiçá - se estivesse de bom humor - teria dito que faria a corrida para garantir que Vettel também tivesse pontos suficientes para se afastar ainda mais da Mercedes de Hamilton.  
Mas falsas modéstias e aforismos de honra são mais vislumbrantes para a F1, e então, Hamilton foi aclamado de um feito, que, se ainda corresse na Mercedes, Schumi teria feito com a uma das mãos amarrada nas costas.
By the way, saudades Schumi. 

Em meio ao Q3, fiquei chateada em ver que Kimi, desta vez, nem próximo ao segundo lugar estava. E vi Mercedes fazendo dobradinha, faltando cerca de 2 minutos para fim, com Hamilton ainda na pista, fazendo questão de baixar tempo de novo. O ego do inglês precisa de um sidecar. 
Pensando que, dada a devolução "heroica" de posição, de Hamilton para Bottas no último GP, o da Hungria, antes da pausa de férias, imaginei que, novamente, a Mercedes enganou a todos - e quase a mim - com sombra de benevolência, honestidade e espírito esportivo. A devolvida de posição custava muito à Hamilton, mesmo assim ele o fez. Virou herói. 
Dada a aparente dobradinha, visualizei: engodo da Mercedes, mais uma vez. Mesmo com a pose de humildes, eles sabiam que voltariam para os próximos GPs por cima e teriam uma metade de temporada, como um verdadeiro passeio.
Podem conferir, pois cheguei a tuitar esse pensamento. 
No milésimo de segundo que tuitei, Vettel aproveitou o máximo que pode e fez o seu melhor tempo do treino classificatório, cravando um segundo lugar, com 1min42s795. Avisando que está por ali, minou os planos - ainda que iniciais - da Mercedes de um jeito bom e direto. 

Com a língua queimada, amenizei o espírito. Spa sempre guarda surpresas. Tomara que sejam boas e vermelhas. 
Dado o chamativo momento de Hamilton à lágrimas logo depois do fim do treino, acompanhei as entrevistas. Detalhes de quem, em grande parte, só presta atenção no que não necessariamente é preciso: 
- revirei os olhos para a "emoção" de Hamilton e não senti nem uma ponta de emoção compartilhada;
- reparei que Bottas tem uma voz bem bonita;
- e dei risada com Vettel observando o carro da Mercedes.

Esse último ponto, me pareceu que Hamilton caminhasse às pressas até Vettel, indicando que falaria alguma coisa. O inglês foi freado pelo repórter ávido por uma outra pergunta. 
A ação de Vettel, resquício doque pode ter aprendido com Schumacher, é só uma (saudável) provocação. Se nem mecânicos conseguem definir o que está ali nos carros, só pelo olhar, Vettel também não saberia. Se Hamilton estava indo tomar satisfação do que o colega estaria olhando, ele é de fato, mais burro do que poderia se pressupor e pior: é um infeliz falso para caramba, pois no mesmo segundo que estava em lágrimas por um feito nem tão surpreendente assim, já estava se sentindo ferido por uma provocação. O ego dele - repito - demanda um sidecar urgente. 

No quebrar dos ovos para fazer o omelete


o que fica na historinha de Spa 2017 não é nem de longe, digna da pista, pois não surpreende. Doze treinos classificatórios e em nove deles (Austrália, China, Rússia, Espanha, Canadá, Azerbaidjão, Áustria, Grã-Bretanha e Hungria) tiveram os mesmo quatro primeiros, só mudando a ordem das "caretas". 

Fonte: Grande Prêmio

A transmissão deveras mal informada, chorou copiosamente o fato de Massa ter ficado fora no Q1. O "salvador da pátria" enfrentou os costumeiros problemas (fictícios ou não) e nas palavras do narrador, largaria em último. Transmitir F1 aqui no Brasil é tão amador que sequer ouvi, durante todo o tempo, o fato de Kvyat e Vandoorne estarem pagando punições (altas), e que, no caso, estariam posicionados depois de Massa - o ignorador de bandeiras. Nem se fala então das punições de Wehrlein e Ericsson. Só o que importa é o "quase aposentado" e sua "suspeitíssima" labirintite, mal explicada e que causa ainda preocupações inflamadas.

GP da Bélgica, como disse, não tem o começo de história digno de seu ambiente. Portais e comentaristas deram a deixa de que, a largada, promete. A gente se rende então o benefício da dúvida e assume que não só pode prometer, mas que deve prometer. Pelo bem de nossa vontade. 
A F1 voltou, e que seja para o melhor em todos os sentidos. Pois afinal, é Spa!

Abraços afáveis e boa corrida para todos nós!

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